O mercado de exploração de minérios com foco na transição energética tem experimentado um crescimento acentuado nos últimos anos.
Entre 2017 e 2022 a demanda por lítio triplicou, a demanda por níquel aumentou 40% e a demanda por cobalto saltou 70%, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
“Se o mundo quiser adotar integralmente as energias renováveis e atingir emissões líquidas zero de gases de efeito estufa, o uso de minerais de transição energética precisará aumentar seis vezes até 2040. Isso elevaria o valor de mercado dos minerais de transição para mais de US$ 400 bilhões.”
segundo a notícia da ONU.
O time da Fox dedicado ao segmento de Mining, com Gabriela Medeiros, trouxe uma análise detalhada do quanto esse mercado está aquecido, no Brasil e no mundo, e o quanto essa crescente afeta o mercado de trabalho.
A transição para uma economia global mais sustentável e de baixo carbono é um desafio urgente do século XXI, com as crescentes preocupações sobre as mudanças climáticas e a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Os minerais de transição energética são vitais nesse cenário, como destacado na reportagem do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Minerais como o cobalto, lítio e terras raras, são fundamentais para tecnologias de energia limpa, incluindo baterias eólicas e células fotovoltaicas. Sendo, essas tecnologias, essenciais para a expansão das fontes de energia renovável e a redução da dependência de combustíveis fósseis, contribuindo assim para a mitigação das mudanças climáticas.
Contudo, a crescente demanda por esses minerais traz desafios significativos. A concentração da produção em poucos países, em maior escala na China, Austrália e República Democrática do Congo, aumenta a vulnerabilidade da cadeia de suprimentos, enquanto as preocupações com práticas de mineração incluem impactos ambientais e sociais, como degradação do solo e conflitos com comunidades locais.
A República Democrática do Congo emerge como líder na exploração de cobalto, muitas vezes encontrado como subproduto da produção de níquel, porém enfrenta sérias questões éticas e sociais relacionadas ao trabalho infantil e condições precárias de trabalho nas minas.
Já no Brasil, a crise na indústria do níquel tem provocado desinvestimentos significativos em operações relacionadas, levando várias mineradoras a suspender ou até mesmo descomissionar suas atividades.
Referente ao lítio, o Brasil é atualmente um produtor emergente e não está entre os principais produtores mundiais, mercado liderado pela Austrália, Chile, China e Argentina. No entanto, o país possui importantes reservas de lítio, especialmente na região de Minas Gerais, que detém 85% das reservas do Brasil, e está investindo em projetos de mineração para explorar esses recursos.
Temos visto um aumento significativo nos investimentos e na produção deste mineral. A Sigma, uma das principais empresas do setor, anunciou um investimento de US$ 100 milhões para quase dobrar sua produção de lítio no país. Além disso, a Altas Lithium está acelerando seu projeto para produzir lítio até o final de 2024, com planos de operar em plena capacidade até 2026.
Com os investimentos em curso e o potencial de novas descobertas, o Brasil tem a oportunidade de aumentar sua produção de lítio e se tornar um player mais significativo no mercado global deste mineral.
Quando falamos sobre terras raras, a China mantém sua liderança na extração e produção, controlando cerca de 90% da produção refinada global, o Brasil desponta como um mercado promissor neste setor.
Com a terceira maior reserva mundial desses minerais, aproximadamente 21 milhões de toneladas, o país tem recebido investimentos expressivos em projetos de exploração. Destacam-se o Projeto Colossus, da Viridis Mineração em Poços de Caldas, Minas Gerais, com um aporte notável de R$ 1,35 bilhões, o Projeto Caldeira, liderado pela Meteoric Resources, que visa investir R$ 1,18 bilhões na extração de argila iônica no Sul de Minas, e o investimento de R$ 2,5 bilhões da Aclara Resources em Nova Roma, Goiás. Esses investimentos evidenciam o crescente interesse e o potencial econômico deste setor no Brasil, consolidando sua posição como um importante produtor desses minerais.
O mercado de mineração tem se mostrado bastante promissor, e a exploração de terras raras tem se destacado como uma aposta significativa. No ano passado, a Serra Verde tornou-se a primeira mineradora brasileira a produzir terras raras em grande escala, no depósito de terras Pela Ema, em Goiás. Responsável pela extração de terras raras leves e pesadas, incluindo neodímio, praseodímio, térbio e disprósio, essenciais para a transição energética. Embora a exploração desses minerais ainda esteja em uma fase inicial no Brasil, as perspectivas para o setor são bastante promissoras.
Apesar dos desafios relacionados à concentração da produção e às preocupações com práticas de mineração responsáveis, o Brasil apresenta um potencial significativo nesse mercado, especialmente no que diz respeito ao lítio e terras raras. Com investimentos crescentes e projetos em desenvolvimento, o país está posicionado para se tornar um player relevante na produção desses minerais, contribuindo assim para a construção de uma economia global mais verde e sustentável.