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A Crise Elétrica no Brasil e os impactos no setor de energia

O crescente aumento no preço da energia elétrica vem afetando o bolso dos brasileiros, mas qual o impacto no setor?

A forte seca em boa parte do país nos últimos trimestres, principalmente, na região Sul, acarretou no esvaziamento dos reservatórios de água das principais hidrelétricas que abastecem o Brasil com energia elétrica. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em nota oficial junto ao Ministério de Minas e Energia, “os recursos são insuficientes para atendimento ao mercado de energia e demandarão novas medidas no curto prazo”. Demonstrando que a diminuição no número de chuvas influenciou drasticamente no mercado de produção e distribuição de energia.

Com dados divulgados pela ONS, os reservatórios do Subsistema Sudeste/ Centro-Oeste, onde ficam as principais hidrelétricas que fazem a geração de energia para o Brasil, estão apenas com 23,28% da capacidade. Esse índice é mais baixo que o de 2001, que foi de 24,4% durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, quando tivemos a chamada Crise do Apagão. Nesse período, sofremos com os piores índices pluviométricos da história do Brasil. As principais hidrelétricas, responsáveis por 97% da energia elétrica do país, ficaram sem forças para produzir. A causa veio alinhada fortemente com grandes períodos de seca nos anos anteriores, e também, pelo aumento do consumo de energia elétrica em território brasileiro na época. Enquanto a produção aumentou 3,3%, o consumo aumentou 4,7%, números da década de 1990. Percebemos com isso que, naquele período de 2001, a forte dependência do país pela produção de energia quase exclusivamente da água, além de uma matriz energética pouco plural, foi um grande problema.

Hoje, 20 anos depois da Crise do Apagão, o país ainda sofre com as secas que afetam drasticamente os reservatórios de suas hidrelétricas, que ainda são quase 70% da produção de energia do Brasil. Segundo o Governo do Estado, a participação da geração de energia por meio de placas solares na matriz energética do Brasil cresceu, mas ainda é baixa, cerca de 2%, enquanto a energia eólica cresceu para 10%, em 2021. Vemos que a matriz energética do país ainda é, em sua grande maioria, de hidrelétricas, e as demais são pouco impactantes na geração de energia. Um especialista em engenharia elétrica parceiro da Fox, diz que a matriz brasileira de produção de energia é mista, composta de geração Hidráulica, Térmica (Vapor, Gás, Nuclear), Solar e Eólica, onde a predominância e melhor custo benefício é da energia hidráulica. Com a crise hídrica, o país faz uso de geração térmica para garantir a produção de energia necessária para a demanda nacional. A geração de energia térmica é demasiadamente cara e, para a crise hídrica vivida no momento, há grande probabilidade de não ser suficiente para suprir a demanda nacional, ou seja, mesmo aplicando planos para aumento da importação de energia e planos de redução no consumo, o país sofre com custo altíssimo da energia elétrica e com risco gravíssimo de corte de carga e racionamento.

Apesar disso, as oportunidades aparecem para que o Brasil divida melhor sua matriz energética e busque alternativas mais baratas do que a produção térmica. Junto a isso, vemos o crescimento de empresas de energia solar no país. Segundo o Portal Solar, já contamos com mais de 20 mil empresas desse segmento, sendo o estado de São Paulo o polo desse setor.

Para sabermos das oportunidades que esse atraso pode trazer para o mercado de energia, conversamos com Júlia Carvalho, da empresa Solar View Business. Segundo Júlia, o Brasil ainda tem muito espaço para crescer no mercado de energia solar, tendo muitas oportunidades para amadurecimento do setor e crescimento da confiança da população na instalação das placas fotovoltaicas. Apesar de ainda termos forte distanciamento das pessoas por energia solar, a Líder de Sucesso do Cliente da Solar View acredita que os maiores empecilhos para esse afastamento são: a falta de conhecimento sobre as vantagens da energia solar e as barreiras impostas para os novos interessados.

Dados do Ministério e da ONS, em 2021, mostram que o Governo Federal eliminou impostos de importação para equipamentos de energia solar, facilitando assim que essa produção fosse barateada e aumentasse sua escala. Júlia complementa que, “cada vez mais a energia solar estará presente nas casas brasileiras. Segundo o Ministério de Minas e Energia, a fonte solar vai crescer 4x mais a sua participação na matriz elétrica nacional, saltando dos atuais 2% para aproximadamente 8% em 2029. O que reforça ainda mais o tamanho das oportunidades que o Brasil terá nesta área”

Percebemos que o reflexo dessa crise de energia para o mercado é, de certo modo, positivo. Entende-se que as oportunidades para novas matrizes energéticas, especialização da mão de obra e mudança na maneira das pessoas terem eletricidade é um efeito colateral positivo. A implementação de novos modos de geração de energia, afetará toda cadeia de produção, uso dos recursos envolvidos na produção de energia e, consequentemente, poderá aprimorar o modelo de geração, transmissão e distribuição de eletricidade, gerando novas oportunidades de negócio e de especialização da mão de obra envolvida.

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